Destaques da Biblioteca de História das Ciências e da Saúde
História e memórias das três fronteiras: Brasil, Peru e Bolívia.
LUCENA, Célia et. al. História e memórias das três fronteiras: Brasil, Peru e Bolívia. São Paulo: EDUC, 2009.
O trabalho que apresentamos está estruturado em duas partes. Na primeira realizamos uma análise da evolução sócio histórica da fronteira e, na segunda parte, desenvolvemos uma análise micro, de caráter antropológico, contextualizada em Assis Brasil, Iñapari e Bolpebra. As fronteiras políticas e as fronteiras sociais são os eixos discursivos em torno dos quais se articulam as discussões. Temos consciência de que este livro tem algumas virtudes e também algumas limitações. Entre as virtudes, devemos destacar a tentativa de refletir, de forma equilibrada, sobre as três áreas da fronteira, um caminho que ainda exige maior aprofundamento, o qual conseguimos apenas em parte. Sabemos que alguns aspectos foram mais desenvolvidos que outros, que existem Importantes vazios e que falta, ainda, encaixar uma grande parte das peças do quebra-cabeças das culturas de fronteira dessa região. Não podemos esquecer que as histórias nacionais fragmentaram a história social dos povos que se situam nos limites do Estado e, portanto, nos limites dos conhecimentos estabelecidos, que tendem a reproduzir as estruturas políticas de poder. Uma afirmação que, por que não, também atua de uma ou outra forma, nos autores desta investigação. Afinal, não é possível sair totalmente do contexto social de produção do conhecimento. Por último, queremos assinalar que a tentativa de sintetizar os processos de constituição e de mudanças das diferentes fronteiras dessa região foi um trabalho árduo, considerando que falamos de três países e de diferentes grupos étnicos que convergem em um mesmo espaço. Este livro pretende ser uma modesta e, ao mesmo tempo, ambiciosa contribuição que, seguramente, outros continuarão no futuro. O desafio continua pendente. (Au.)
El trabajo infantil en España (1700-1950).
LLOP, José María Borrás (Ed.). El trabajo infantil en España (1700-1950). Barcelona: Universitat de Barcelona, 2013.
Con este libro, el primero dedicado específicamente al trabajo infantil en España, comienza a llenarse, por fin, un largo vacío en nuestra historiografía. En doce capítulos, destacados especialistas en historia económica, historia social y cultural, e historia de la medicina, analizan, en el largo período que transcurre entre el siglo XVIII y la primera mitad del xx, el empleo de niñas y niños en la agricultura, la manufactura, la pesca, la minería, la industria y el sector servicios. Cuatro temas están presentes en todos ellos: la evolución de las edades de ingreso en el mercado laboral, la contribución de los menores a la actividad económica y al sustento de las familias obreras, las condiciones de trabajo y sus efectos en la salud. Esta obra sitúa el trabajo infantil como elemento clave del crecimiento económico, los niveles de vida y las transformaciones sociales en los últimos tres siglos, siendo, por ello, un referente ineludible de la historiografía española. (Au.)
Speaking of flowers: student movements and the making and remembering of 1968 in military Brazil.
LANGLAND, Victoria. Speaking of flowers: student movements and the making and remembering of 1968 in military Brazil. Durham: Duke University, 2013.
Speaking of Flowers is an innovative study of student activism during Brazil's military dictatorship (1964-85) and an examination of the very notion of student activism, which changed dramatically in response to the student protests of 1968. Looking into what made students engage in national political affairs as students, rather than through other means, Victoria Langland traces a gradual, uneven shift in how they constructed, defended, and redefined their right to political participation, from emphasizing class, race, and gender privileges to organizing around other institutional and symbolic forms of political authority. Embodying Cold War political and gendered tensions, Brazil's increasingly violent military government mounted fierce challenges to student political activity just as students were beginning to see themselves as representing an otherwise demobilized civil society. By challenging the students' political legitimacy at a pivotal moment, the dictatorship helped to ignite the student protests that exploded in 1968. In her attentive exploration of the years after 1968, Langland analyzes what the demonstrations of that year meant to later generations of Brazilian students, revealing how student activists mobilized collective memories in their subsequent political struggles. (Au.)
Igreja de Nossa Senhora da Candelária: 200 anos, 1811-2011.
IRMANDADE DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO DA CANDELÁRIA. Igreja de Nossa Senhora da Candelária: 200 anos, 1811-2011.Rio de Janeiro: s.n., [2011].
A inauguração parcial da igreja de Nossa Senhora da Candelária e a sua entrega ao culto encerraram a metade dos quatro séculos da história da nossa Irmandade. Celebramos agora os Duzentos Anos dessas cerimônias que, presididas pelo Bispo Dom José Caetano da Silva Coutinho, tiveram a participação da família real e marcaram o início de nova fase daquela densa história. As páginas desta publicação já nos mostram um pouco do que foi a primitiva igreja, do que foi e é a igreja-monumento e das múltiplas atividades sociais e culturais que delas se originaram. Queremos somente lembrar os que, ao longo de tantas gerações, sonharam, trabalharam, sofreram, para que a cidade recebesse tão precioso legado. (Au.)
Limites fluentes: fronteiras e identidades na América Latina (Séculos XVIII-XXI)
O conjunto dos trabalhos que compõem este livro que agora chega às mãos do leitor é produto de um esforço articulado de pesquisadores latino-americanos em problematizar a América Latina, no que esta possui de conexões políticas, sociais e culturais construídas em contextos históricos diversos. Longe de ser uma abordagem desconhecida do mundo acadêmico contemporâneo, sobretudo dos círculos intelectuais europeus, a compreensão dos múltiplos fios que de alguma maneira ligaram e ligam as realidades nacionais na América se apresentam como um desafio ainda candente de revisão historiográfica, sobretudo quando entendemos que essas relações entre Estados e Nações latino-americanas foram excessivamente nacionalizadas pelos estudos históricos da segunda metade do século XIX. (Au.)
Hobbes e a liberdade republicana.
SKINNER, quentin; FLORENZANO, Modesto (Trad.). Hobbes e a liberdade republicana. São Paulo: UNESP, 2010.
O autor aborda a teoria política de Thomas Hobbes (1588-1679) não simplesmente como um sistema geral de ideias, mas também como uma intervenção polemica nos conflitos ideológicos de seu tempo, dentro de uma concepção em que as palavras são consideradas atos. Nesse sentido, é possível captar que tipo de influência os textos de Hobbes podem ter exercido no período em que foram escritos. O livro realiza uma avaliação não meramente do que Hobbes diz, mas do que ele faz ao propor seus argumentos. As abstratas obras de teoria política não são, nesse aspecto, vistas nas alturas filosóficas, mas como um universo de alusões em que é possível identificar aliados e adversários concretos e um posicionamento no espectro do debate político. Isso permite estudar as cambiantes opiniões sobre a liberdade do filósofo inglês. (Au.)
Memória e história.
FAUSTO, Bóris. Memória e história. São Paulo: Graal, 2005.
Memória e história reúne uma série de crônicas - se a palavra for adequada para esses textos curtos mas cheios de profundidade - que Boris Fausto publicou na imprensa nos últimos anos. O único texto inédito, justamente o primeiro do volume, é o mais longo e serve um pouco como entrada para os seguintes, pois adianta o sabor de conversa letrada, o aspecto de análise sensível e bem escrita e sobretudo o olhar do historiador que sabe captar nos pequenos detalhes do cotidiano sinais que possam indicar dados mais gerais de cultura, política, economia e, enfim, tudo o que mais ou menos constitui a experiência do homem em sociedade. O estilo enxuto, que denuncia um autor interessado em dialogar não apenas com seus pares mas com o público que cultiva o texto em seu contexto, e a narrativa cheia de revelações, análises e detalhes inesperados faz de Memória e história um desses livros que o leitor não consegue largar senão quando a última página estiver conhecida. Terminamos um texto sobre uma família de anões que sobreviveu ao holocausto e logo queremos descobrir a arquitetura dos diários de Vargas, a opinião do autor sobre o português jurídico e suas aventuras em meio a um piquete na Argentina. Salta aos olhos ainda o historiador comparatista, que aproxima questões distantes, não foge à polêmica e alarga o horizonte de sua disciplina. (Au.)
História. Ficção. Literatura.
LIMA, Luiz Costa. História. Ficção. Literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
Quais são os limites entre a história e a poesia? Como esse contraste tem sido elaborado desde a Antiguidade? O que têm de especifico o historiográfico, o ficcional e o literário? Em que bases tais termos se diferenciam entre si? Teórico da literatura, Luiz Costa Lima desnuda a aparente simplicidade dessas perguntas. O ponto de partida é a necessidade de frisar a distinção entre a escrita da história e a ficção. Embora partilhem recursos literários em comum, a historiografia e a ficção dirigem-se a metas distintas, dentro de esquemas diversos e com diferentes resultados Enquanto o discurso ficcional põe a verdade entre parênteses, a história procura fixá-la como conhecimento sobre o passado. A ficção, mais porosa, contrasta com a aporia da verdade historiográfica. Costa Lima revê como o problema foi (insuficientemente) teorizado desde o confronto entre a poesia épica de Homero e a prosa historiográfica de Heródoto e Tucídides. E se vale de sua própria bagagem teórica para formular em conceitos distintos os três termos que dão título a este livro. (Au.)
Mental ills and bodily cures: psychiatric treatment in the first half of the twentieth century.
BRASLOW, Joel. Mental ills and bodily cures: psychiatric treatment in the first half of the twentieth century. Berkeley: University of California, 1997.
In 1988, as I was nearing the end of my psychiatry residency, Dora Weiner allowed me to assist her in teaching a course on the history of psychiatry. Her encouragement led me to undertake this project, which in its early form was my doctoral dissertation. I am very grateful to those scholars who guided me early on. Regina Morantz-Sanchez alerted me to the importance of gender. Her insistence on clarity of argument and prose have, I hope, found their way into this book. My intellectual debts to Mario Biagioli and Martin Shapiro are enormous, and their contributions may be found throughout this work. There are two scholars who deserve my greatest thanks. My thesis adviser, Robert Frank, whose methodologic sophistication and exhaustive knowledge of medical history have been indispensable, helped me to ask and try to answer why physicians, in the name of therapeutics, did what they did. Kenneth Wells has been, and continues to be, my closest mentor. Without his intellectual and emotional support this project would have been impossible. (Au.)
Aqui começa o Brasil!: histórias das gentes e dos poderes na fronteira do Oiapoque.
ROMANI, Carlo. Aqui começa o Brasil!: histórias das gentes e dos poderes na fronteira do Oiapoque. Rio de Janeiro: Multifoco, 2013.
As estratégias das gentes simples para enfrentar ou usufruir dos poderes estatais e capitalistas instituídos direcionaram boa parte das análises deste trabalho e podem ser encontradas nas três primeiras partes do livro. Estratégias também pesquisadas durante o projeto desenvolvido como professor visitante da Universidade Federal do Ceará ao tratar dos diferentes contingentes migratórios em busca de novas terras nas fronteiras de colonização da Amazônia, incluindo até os retirantes cearenses da grande seca de 1915. A última etapa da pesquisa tratou de compreender melhor as relações engendradas entre os discursos do saber científico com as estratégias de poder dos Estados nacionais, tanto do século XIX como no início do século XX. Discursos que emergem dos relatórios de engenheiros, botânicos, geógrafos, e outros notáveis que acompanharam as missões exploratórias a áreas ainda sob efetivo domínio das populações indígenas. E relatórios diplomáticos e militares emitidos por adidos dos dois Estados em disputa, usados nas batalhas jurídicas pela ampliação das soberanias nacionais, como aquela travada e vencida pelo Barão do Rio Branco. (Au.)
Science et conscience du patrimoine.
NORA, Pierre (Dir.). Science et conscience du patrimoine. Paris: Artheme Fayard, 1997.
Premier titre de Ia collection Actes des Entretiens du Patrimoine, cet ouvrage rassemble le textes des interventions prononcées lors des Entretiens du Patrimoine qui se sont déroulés en novembre 1994 au Théâtre national de ChaiIlot sous Ia présidence de Pierre Nora. Intitulé Science et conscience du patrimoine, ce colloque, organisé à l’occasion du trentiêrne anniversaire de l'Inventaire général, a permis de faire le point sur les étapes essentielles de Ia prise de conscience du patrimoine et de Ia politique rnenée en sa faveur depuis André Malraux. Initiées par Ia direction du Patrimoine au ministère de Ia Culture, en 1988, ces rencontres annuelles ont pour objectif de favoriser une réflexion doctrinale approfondie sur le patrimoine. Les Entretiens du Patrirnoine sont ainsi l'occasion d'une confrontation des connaisance et de expériences entre spécialistes français et internationaux. (Au.)
História e ciências sociais.
DOSSE, François. História e ciências sociais. Bauru, SP: EDUSC, 2004.
A obra História e Ciências Sociais traça o perfil intelectual de seu autor, François Dosse. Em um ensaio de ego-história, ele apresenta como sua leitura do mundo foi fortemente marcada pela evolução do próprio mundo. Se ele passa de uma abordagem determinista a uma posição que hoje valoriza a noção de irredutibilidade, segundo o princípio de sub determinação emprestado de Pierre Duhem, é porque os esquemas de causalidade mecânica falharam ao explicar o mundo complexo no qual vivemos. Daí a necessidade de dar uma atenção especial à singularidade dos momentos e dos percursos num período de uma "virada histórica" geral que afeta as ciências sociais como um todo para que se adquira uma postura mais reflexiva do que no passado. François Dosse oferece nesta obra alguns exemplos do que ele entende por "história intelectual". Ela se situa nos confins da história da filosofia e da sociologia das ideias. Ele propõe uma construção em torno de três planos distintos - Escolas, Paradigmas, Biografias - cujo estudo sistemático pode pressagiar uma nova história intelectual que recusa toda forma de reducionismo. (Au.)
Patrimônio cultural: conceitos, políticas, instrumentos.
CASTRIOTA, Leonardo Barci. Patrimônio cultural: conceitos, políticas, instrumentos. São Paulo: Annablume; Belo Horizonte; IEDS, 2009.
O patrimônio cultural constitui hoje um campo em rápida expansão e mudança. Nunca se falou tanto sobre a preservação do patrimônio e da memória, nunca tantos estiveram envolvidos em atividades ligadas a ele, nunca se forjaram tantos instrumentos para se lidar com as preexistências culturais. Entramos no século XXI com o patrimônio ocupando um papel central na reflexão não só sobre a cultura, mas também nas abordagens que hoje se fazem do presente e do futuro das cidades, do planejamento urbano e do próprio meio-ambiente. Patrimônio Cultural: Conceitos, políticas, instrumentos vem cobrir uma lacuna na bibliografia em língua portuguesa, oferecendo uma ampla abordagem à área do patrimônio cultural. Escrito em linguagem clara, o livro aborda com rigor e profundidade uma gama de temas ligados ao patrimônio, das filosofias a ele subjacentes até os recentes projetos de reabilitação em curso no Brasil e no mundo, das paisagens culturais à preservação dos acervos documentais. (Au.)
A Escola Livre de Sociologia e Política: anos de formação 1933-1953: Depoimentos.
KANTOR, Iris; MACIEL, Débora A; SIMOES, Júlio Assis. (Orgs.) A Escola Livre de Sociologia e Política: anos de formação 1933-1953: Depoimentos. São Paulo: Sociologia e Política, 2009.
A partir do perfil dos professores estrangeiros contratados, preferencialmente norte-americanos e ligados à prestigiosa Escola de Chicago, que desenvolveu novas sendas de compreensão do modo de vida urbano, articulando metodologias bastante originais. Não por casualidade, a Escola de Sociologia e Política foi responsável pela formação de cientistas sociais renomados, a ela vinculados de modo completo ou parcial. Como foi o caso de Florestan Fernandes, que defendeu o seu Mestrado na casa. Diga-se de passagem, a Escola já possuía um programa de Pós-Graduação bastante semelhante aos atuais, sintoma da largueza dos seus horizontes. Questões dessa natureza encontram-se contempladas neste volume. Composto por textos que analisam trajetórias marcantes de cientistas sociais, relatos de experiências coevas, entrevistas, depoimentos e duas homenagens a Roberto Simonsen e Florestan Fernandes, nascidas da pena de Francisco Iglesias e de Antônio Candido. Respectivamente, a obra pretende recuperar parte da história institucional. O resultado não deixa margem à dúvida sobre o profundo significado do livro. Numa visão prismática. Obteve-se um efeito transcendente, o de combinar a recuperação da memória da Escola de Sociologia e Política àquela das Ciências Sociais produzidas em São Paulo, alimentando, suplementarmente, nossos espíritos com uma história engrandecida pela recordação de tempos modelados por apostas elevadas. (MARIA ARMINDA DO NASCIMENTO ARRUDA - Professora do Departamento de Sociologia -USP.)
Evolucionismo no Brasil: ciência e educação nos museus 1870-1915.
GUALTIERE, Regina Cândida Ellero. Evolucionismo no Brasil: ciência e educação nos museus 1870-1915. São Paulo: Livraria da Física, 2009.
No Brasil, o evolucionismo darwinista e outros evolucionismos ganharam expressão em torno de 1870 e passaram a influenciar a vida brasileira nos âmbitos político, social, literário e científico. Este livro mostra como instituições científicas brasileiras - museus de história natural - enfrentaram, na época, as questões relacionadas à gênese, ao desenvolvimento e à transformação da sociedade e da vida. As perspectivas evolucionistas após a publicação de A origem das espécies, de Charles Darwin, estavam presentes na definição e na organização das práticas científicas dessas instituições e registradas em suas revistas, relatórios, memórias e na correspondência dos pesquisadores. O papel cultural e educativo dos cientistas, visando à divulgação dos evolucionismos, foi exercido em conferências abertas à sociedade e em cursos realizados nos museus. Ao ser revisto, neste livro, como se desenvolveu o evolucionismo no Brasil vale lembrar, mais de um século depois, um dizer do próprio Darwin sobre as repercussões de seu trabalho em outras terras: "Ouvi dizer que o sucesso de uma obra no exterior é a melhor prova de seu valor duradouro. Duvido que se possa confiar nisso; mas, a julgar por esse critério, meu nome deverá durar alguns anos."