Destaques da Biblioteca de História das Ciências e da Saúde
História das ciências: uma história de historiadores ausentes
MAIA, Carlos Alvarez. História das ciências: uma história de historiadores ausentes. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013.
Esta obra focaliza os principais eventos historiográficos do século XX, situados entre as décadas de 1920 e 1970, que, sob o manto do cientificismo, alimentaram o afastamento da história das ciências das abordagens efetivamente histórico-sociais. Ao fim desse período, ocorreu um movimento de rebeldia nos trabalhos sociológicos: registrou-se uma clivagem acentuada na historiografia, com o nascimento dos sciences studies, que conduziram os estudos de ciência para o domínio das ciências sociais. Tendo como meta investigar a atividade científica como produto sócio-histórico,o texto denso, dinâmico e bem articulado de Carlos Alvarez Maia interessa a filósofos, sociólogos, antropólogos, historiadores e a todos aqueles que se dedicam à análise da produção científica. (Au).
ALMEIDA, Marta de. República dos invisíveis: Emílio Ribas, microbiologia e saúde pública em São Paulo (1898-1917). Bragança Paulista: EDUSF, 2003.
Este é um livro notável que possibilita, ao mesmo tempo, conhecer um personagem fascinante de São Paulo do começo do século XX e compreender como os ideais de modernização daquele período estiveram intimamente ligados com a ciência, a medicina e a saúde pública. Este cuidadoso estudo, baseado em uma investigação, original em arquivos e bibliotecas especializadas, apresenta com clareza a figura e a obra de Emílio Ribas, assim como o importante papel que desempenhou no Serviço de Saúde Pública de São Paulo. Ao fazê-lo, Marta de Almeida contribui para construir um merecido balanço na história da medicina brasileira que, até pouco tempo atrás, esteve concentrada em Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e no Rio de Janeiro. Mais ainda, a autora registra e explica a importância da interação, coincidência e discussões entre Ribas e seus colegas do Rio de Janeiro. A narrativa do uso de imigrantes italianos para os estudos dos meios de contágio da febre amarela será de especial interesse em uma época como a atual, preocupada com a ética da: pesquisa biomédica e com os direitos humanos dos pacientes. Outra contribuição fundamental é que este trabalho demonstra a estreita relação que existiu naquela época, e seguramente continua existindo agora, entre o desenvolvimento da pesquisa biomédica, a saúde pública e a política. Não foi sempre uma relação fácil, já que esteve cheia de disputas e desentendimentos, mas também de acordos. Desta maneira, este livro ilumina de uma maneira sugestiva e profunda a dinâmica interação entre o poder e o conhecimento. (Marcos Cueto.)
VELTMAN, Henrique. A história dos Judeus em São Paulo. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura, 1996.
Um tema interessante. Um escritor apaixonado pelo assunto. A combinação desses fatores resultou num livro sucinto, mas repleto de informações: A História dos Judeus em São Paulo. O volume é ilustrado com fotografias de arquivos pessoais e álbuns familiares ( ... ). É o resultado do trabalho do jornalista, sociólogo e escritor Henrique Veltman, carioca radicado há 25 anos em São Paulo. ( ... ) Não foi pretensão do autor esgotar o assunto. "Sou escritor, não historiador", diz. Veltman lembra que desde a juventude está "interessado na história dos judeus no Brasil". Em 1964, lançou a Biografia do Judaísmo Carioca. Em A História dos Judeus em São Paulo, Veltman trata da presença dos judeus não só na cidade. Começa com a evocação de israelitas nas frotas portuguesas no século XV e nos primeiros tempos da colonização do Brasil. Mas é na cidade de São Paulo e no século XX que está concentrada a obra. Veltman lembra o primeiro rabino da cidade, fala da chegada de famílias que vieram a desempenhar papel de relevo, entre elas, os Klabin, os Lafer e os Segall. Observa o papel da imprensa judaica no Brasil. Fala de usos e costumes. Resume a história do Bom Retiro, onde se concentrou no início do século a comunidade judaica da cidade. Aborda as tendências políticas, traçando o trajeto de sionistas e socialistas. Dedica um capítulo à comida judaica, indicando restaurantes (...). (Alberto Guzik).
Primeira história da medicina simplificada no Brasil.
FONSECA SOBRINHO, Délcio da. Primeira história da medicina simplificada no Brasil. Belo Horizonte: s.n., 1984.
Como surgiram os programas de "medicina simplificada" no Brasil? Esta é a pergunta básica que orientou esta pesquisa. A “medicina simplificada”, ou “medicina comunitária”, que é também chamada de “atenção primária à saúde”, “cuidados primários”, entre outras denominações menos freqüentes, surgiu no Brasil na década de 70. A profusão de termos, algo confundidora, se refere, no entanto, a uma proposta mais ou menos clara de reorganização de serviços de saúde, que pretendeu estender serviços médicos às populações marginalizadas do campo e da cidade, através da simplificação e ampliação da tecnologia necessária para isso, e com a participação da comunidade.
SIQUEIRA, Márcia Dalledone. Universidade Federal do Paraná: 100 anos. Curitiba: Ed. UFPR, 2012. ( Memória, n.16).
A Universidade Federal do Paraná comemora seu 1° centenário em 19 de dezembro de 2012. Como parte fundamental desta celebração, fizemos coletivamente um amplo resgate da memória desta trajetória de 100 anos que transformou o Estado do Paraná. Contar esta saga e rememorar os acontecimentos e inúmeros personagens que deram sua contribuição para que nos tornássemos uma das maiores e melhores universidades do nosso país, é tarefa desafiante, que esta obra procura cumprir. (Zaki Akel Sobrinho)
Apuntes para la historia de las ciências en el Ecuador, tomo 1 e 2
LARA, Jorge Salvador. Apuntes para la historia de las ciências en el Ecuador, tomo 1 e 2. Quito: Instituto Panamericano de Geografia e Historia, 1978-1980.
La ingente obra historiográfica del doctor Salvador Lara pertenece ya al acervo cultural ecuatoriano ya ha sido justipreciada por críticos nacionales y extranjeros. Su producción en el campo de la investigación histórica es tan varia, que es difícil y se presta a error la tarea de enumerar todos sus libros. Sin que pretendamos no olvidar ninguno, citaremos los siguientes títulos: "La Patria Heróica, Ensayos críticos sobre la Independencia"; "Las ideas sociales en los pueblos antiguos", "Testimonio" y "Escorzos de Historia Patria". En este último libro, editado en 1977, el proceso de formación de la nacionalidad ecuatoriana cobra la agilidad de una cinta cinematográfica y se puede seguir con la vista la línea de su destino, sus albores, su crecimiento, sus horas de prueba, sus jornadas heróicas y sus grandes esperanzas. El Ecuador está en esta obra configurado, en contorno y dintorno: territorio y población, insertos en la cronología. (Cesar Vicente Velasquez)
História do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro: 1808 a 1911.
MITCHELL, Gilberto de Medeiros. História do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro: 1808 a 1911. s.l.: s.n., 1963.
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A apreciação do historiador capacitado que pudesse enquadrar o estudo das personalidades históricas aqui focalizadas no âmbito geral de nossa formação moral e cívica, ressaltando os numerosos exemplos que dignificaram os primórdios do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro, colocando os seus fundadores e consolidadores no mesmo nível em que se acham, tão justamente consagrados, os gloriosos e heróicos vultos de nossa História Militar. A não ser um ou outro ensaio, ainda não se havia escrito uma obra que fosse tão intimamente relacionada ao Serviço de Saúde como esta, documentário completo e perfeito, minucioso e fiel na citação histórica dos fatos, enriquecida e ilustrada por comentários e elucidações do autor, constituindo-se numa valiosa fonte de consultas e de ensinamentos não só para os diretamente ligados ao próprio Serviço mas a todos que se dedicam ao estudo de nossa. História e ao culto de nossos antepassados. (Américo Pereira)
Italianos do Brás 1920-1930: imagens e memórias.
RIBEIRO, Suzana Barretto. Italianos do Brás 1920-1930: imagens e memórias. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.
Livro de Suzana Barretto Ribeiro vai ao encontro de um dos mais importantes momentos da história de São Paulo: a chegada dos imigrantes italianos. Se ficasse restrita tão somente ao levantamento iconográfico, a pesquisa já seria documento importante. Suzana, porém, vai além. Através de uma vasta pesquisa, a autora mergulha na vida da colônia italiana residente no Brás. Os hábitos culturais, religiosos e de parte do cotidiano são analisados através da lente precisa dessa jovem pesquisadora. A leitura deste livro, temos certeza, vai esclarecer alguns aspectos sobre o perfil do imigrante italiano que veio para o Brasil. Suas expectativas, ansiedades e objetivos são captados pela análise da autora, que mostra com sensibilidade todas as dificuldades enfrentadas por famílias inteiras que chegam a um país desconhecido em busca de trabalho, realização pessoal e uma enorme esperança de construir um futuro promissor para seus descendentes. (Au).
Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20
SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
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Orfeu, herói da mitologia grega, era louvado como o celebrante da música, da exaltação e do êxtase coletivo, Neste estudo sobre o impacto das novas tecnologias nos processos de metropolização, Nicolau Sevcenko usa a imagem dos rituais órficos como um emblema. O cenário é a cidade de São Paulo nos anos 20, quando passava pelo boom de crescimento e urbanização que a transformaria numa metrópole moderna. O frêmito das tecnologias mecânicas de aceleração se transpõe para os corpos e as mentes através de celebrações físicas, cívicas e míticas no espaço público. O pano de fundo: a Primeira Guerra, as tensões revolucionárias, a explosão da Arte Moderna e o delírio frenético do jazz. Os personagens: a população de um experimento social em escala gigantesca, na busca de uma identidade utópica. (Au.)
Arnaldo Vieira de Carvalho e a história da medicina paulista (1867-1920).
DANTES, Maria Amélia Mascarenhas; SILVA, Márcia Regina Barros da (orgs.). Arnaldo Vieira de Carvalho e a história da medicina Paulista (1867-1920). Rio de Janeiro: Fundação Miguel de Cervantes, 2012. (Coleção Memória do Saber).
Às vésperas do centenário da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a publicação desta coletânea de estudos sobre o fundador e patrono desta instituição pode ser saudada como uma celebração. De fato, que melhor homenagem pode ser feita a um personagem da relevância histórica de Arnaldo Vieira de Carvalho do que "fazer falar de novo" - para usar uma expressão emprestada à hermenêutica - sua trajetória e contribuições às ciências e práticas médicas. (Au).