Destaques da Biblioteca de História das Ciências e da Saúde
Edição especial - Coleção Darcy Fontoura de Almeida
Uma escola para a ciência e a saúde: 111 anos de ensino no Instituto Oswaldo Cruz
ARAÚJO-JORGE, Tania Cremonini de; BARBOSA, Helene Santos; OLIVEIRA, Ricardo Lourenço de (org.). Uma escola para a Ciência e a Saúde: 111 anos de ensino no Instituto Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2012.
Este livro é um documento que registra com a parceria de inúmeros colaboradores, a dimensão educacional de uma das mais importantes instituições brasileiras. Destaca-se episódios importantes que alteraram a vida da instituição, como o chamado “massacre de Manguinhos”, que em 1970 casou dez destacados cientistas, com a interrupção de linhas de pesquisa, o fechamento de laboratórios e a extinção do curso de aplicação. Com uma trajetória histórica coerente, o IOC tem atuado fortemente nas áreas de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação, e na prestação de serviços de referência no diagnóstico de doenças infecciosas e genéticas, no controle de vetores e curadoria de coleções biológicas. O presente livro relata a dimensão do ensino dessa instituição centenária, sendo um importante documento com legítimo registro histórico e uma garantia do cumprimento da nobre missão do IOC e da Fundação Oswaldo Cruz nos próximos 100 anos em favor da saúde dos brasileiros.
O perfil da Ciência brasileira
MEIS, Leopoldo de; LETA, Jacqueline. O perfil da Ciência brasileira. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.
O presente livro é uma valiosa colaboração para inventariar-se o que temos e o que precisamos ter na ciência brasileira. Os autores abordam, inicialmente, a explosão do saber no mundo e as metodologias utilizadas para avaliar a produção científica (a cientometria e os índices bibliométricos). Depois, analisam, com dados muito objetivos, o crescimento da produção científica brasileira, a sua distribuição no país, o seu impacto, a colaboração internacional, as revistas na quais os brasileiros publicam e o número de cientistas.
Viruses, Plagues, and History
OLDSTONE, Michael B. A. Viruses, Plagues, and History. New York: Oxford University Press, 1998.
Michael Oldstone relata neste livro a história das doenças devastadoras que atormentaram a humanidade. O autor concentra sua história em alguns dos vírus mais famosos contra os quais a humanidade já lutou, começando com alguns que derrotamos com eficácia, como a varíola, a poliomielite e o sarampo. Quase 300 milhões de pessoas foram mortas pela varíola somente no século XX, mais do que em todas as guerras do século junta. Apresenta-se um relato vivido da longa campanha contra o vírus, o trabalho perspicaz de Edward Jenner, que criou a vacina contra a varíola a partir da varíola bovina em 1796. O livro nos mostra o panorama do conflito de longa data da humanidade com nossos inimigos virais invisíveis, desde nossos sucessos até nossas lutas contínuas.
GEISON, Gerald L. The private Science of Louis Pasteur. Princeton: Princeton University Press, 1995.
Em The Private Science of Louis Pasteur, Gerald Geison escreveu uma biografia controversa que finalmente penetra no segredo que cercou grande parte do trabalho de laboratório deste lendário cientista. Geison usa os cadernos de laboratório de Pasteur, disponibilizados apenas recentemente, e seus trabalhos publicados para apresentar um relato rico e completo de alguns dos episódios mais famosos da história da ciência e seus lados mais sombrios — por exemplo, a corrida de Pasteur para desenvolver a vacina contra a raiva e o humano arrisca-se com sua pressa. As discrepâncias entre o registro público e a “ciência privada” de Louis Pasteur nos dizem tanto sobre o homem quanto sobre o mundo altamente competitivo e político que ele aprendeu a dominar. Embora a engenhosidade experimental tenha servido bem a Pasteur, ele também deveu muito de seu sucesso ao virtuosismo polêmico e à habilidade política que lhe renderam apoio financeiro sem precedentes do Estado francês durante o final do século XIX. Mas um olhar mais atento às suas maiores realizações levanta questões éticas. No caso da amplamente divulgada vacina contra o antraz de Pasteur, Geison revela seus defeitos iniciais e como Pasteur, para evitar constrangimento, incorporou secretamente as descobertas de um colega rival para fazer sua versão da vacina funcionar. A decisão prematura de Pasteur de aplicar seu tratamento contra a raiva em suas primeiras vítimas de mordidas de animais levanta questões ainda mais profundas e deve ser entendida não apenas em termos da ética da experimentação humana e do método científico, mas também à luz da mudança de Pasteur de uma teoria biológica da imunidade a uma teoria química — semelhante àquelas que ele muitas vezes menosprezou quando apresentada por seus concorrentes. Por meio de sua reconstrução vívida das rivalidades profissionais, bem como da adulação nacional que cercava Pasteur, Geison o coloca em seu contexto cultural mais amplo. Ao dar a Pasteur o exame minucioso que sua fama e realizações merecem, o livro de Geison oferece uma leitura atraente para qualquer pessoa interessada nas dimensões sociais e éticas da ciência.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Negros, estrangeiros: os escravos libertos e sua volta à África. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Companhia das letras, 2012.
Este livro é leitura inevitável para quem estuda vários aspectos da escravidão e, sobretudo, da liberdade numa sociedade escravista, além de se poder considerá-lo em sintonia com o conceito de história atlântica tão em voga atualmente. A discussão que aqui se encontra de alforria enquanto um aspecto basilar da ideologia de controle senhorial, suas ideias sobre as incertezas de liberdade do africano liberto no Brasil escravista, a negação da cidadania brasileira e consequente eliminação desse personagem do jogo político formal do Império, o retorno muitas vezes forçado de centenas deles para o outro lado do Atlântico e a construção ali de uma comunidade com personalidade própria são alguns dos temas tratados.
Ciência e Estado: a política científica no Brasil
MOREL, Regina Lúcia de Moraes. Ciência e Estado: a política científica no Brasil. São Paulo: T. A. Queiroz, 1979.
O que levou à escolha do tema pela autora foi a inegável repercussão de que recentemente se revestiu no Brasil a discussão sobre "ciência nacional". Esta deixou de ser um tema exclusivo de congressos, fóruns e debates mais ou menos fechados dos cientistas, passando a constar de planos e pronunciamentos oficiais dos últimos governos, além de ocupar frequentemente as primeiras páginas dos jornais, como durante as últimas reuniões da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência ou no caso do discutido Acordo Nuclear Brasil-Alemanha. Do lado dos cientistas, estes desde sempre lamentam a falta de verbas, a má estruturação das instituições, a burocratização da pesquisa, a falta de participação nas decisões e, recentemente, a exclusão de importantes pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa por motivos políticos. Do lado dos órgãos que formulam a política nacional no setor, ora se culpa o cientista individual de ser mal administrador, pouco eficiente, sábio "desligado" em sua torre de marfim, ora se colocam nele todas as esperanças da construção de uma "potência emergente".
Influenza, a medicina enferma: ciência e práticas de cura na época da gripe espanhola em São Paulo
BERTUCCI, Liane Maria. Influenza, a medicina enferma: ciência e práticas de cura na época da gripe espanhola em São Paulo. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2004.
A partir do estudo da epidemia de gripe espanhola na cidade de São Paulo, procura recuperar a desestruturação do cotidiano na Capital, a mobilização popular e oficial diante da catástrofe epidêmica e, principalmente, como os doutores agiram (e reagiram) diante do estrondoso fracasso da ciência médica representado pela influenza epidêmica. O texto resgata aspectos de uma época em que "arautos" da medicina científica buscavam, pouco a pouco, se diferenciar e distanciar de maneira mais contundente daqueles que exerciam outras práticas de cura, "especializando" seus pronunciamentos e indicando o local onde eles deveriam ser feitos, tornando-os cada vez mais opacos aos leigos. Partindo da ideia de que os caminhos da ciência são feitos e refeitos por homens em seus relacionamentos sociais, acompanhar a trajetória de alguns desses indivíduos em uma época singular, a da influenza de 1918, é tentar resgatar percursos sinuosos de um conhecimento que é gerado na sociedade e se transforma e sustenta através da interação social das pessoas, inclusive dos chamados pacientes, com suas críticas e reivindicações, e dos portadores de outras formas de saber sobre a saúde e a doença, quer através de discussões e conflitos, quer por meio de aproximações e identificações.
The autobiography of Charles Darwin: 1809-1882
DARWIN, Charles. The autobiography of Charles Darwin: 1809-1882. New York: W. W. Norton, 1993.
A autobiografia de Charles Darwin foi publicada pela primeira vez em 1887, cinco anos após sua morte, mas foi uma edição expurgada, pois a família de Darwin, tentando proteger sua reputação póstuma, havia deletado todas as passagens que consideravam muito pessoais ou controversas. A presente edição completa foi editada pela neta de Darwin: Nora Barlow. As próprias reflexões de Charles Darwin sobre sua vida e obra, escritas entre os anos 67 e 73, devem permanecer uma importante obra de referência, seja na história das ideias ou em uma galeria de retratos de homens. Nesta autobiografia, Darwin conta a história do lento amadurecimento de sua mente e de suas teorias, como ele alterou todo o curso do pensamento vitoriano, não por ostentar suas descobertas nem por iconoclastia repentina, mas sim por meio da busca de insights e julgamentos ponderados, abrindo vastos campos para pesquisas posteriores.
A Universidade de ontem e de hoje
TEIXEIRA, Anísio. A Universidade de ontem e de hoje. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.
Este livro aborda a evolução da universidade do século XIX ao XX, apresentando casos significativos de diferentes propostas sobre as funções da universidade para, em seguida, examinar o caso brasileiro. Ao realizar uma comparação de como diferentes universidades compreenderam sua tarefa, através do tempo, Anísio enriquece o conhecimento que temos das iniciativas de outros nesse âmbito e das nossas próprias.
Conto de fatos: história de Manguinhos
SCHALL, Virgínia. Conto de fatos: história de Manguinhos. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2001.
Neste livro, Virgínia Schall entrevista pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz que se destacaram por suas contribuições científicas nos campos da parasitologia e da saúde pública. São sonhadores valentes que falam do processo da descoberta. Nas histórias contadas, o acaso e a intuição, a persistência e a criatividade sem misturam com o caldo da humanidade, gerando a descoberta. As narrativas se desenvolvem com simplicidade, situações dramáticas são tratadas com discrição, e o concatenar dos eventos é salpicado com bom humor. Virgínia Schall trata seus personagens com carinho, revela-se meiga no relato dos casos e poética ao escrever. Além de uma obra literária, o livro é também um importante relato histórico, muito bem-vindo em um país que começa a se aperceber do valor da ciência.