Fundao Oswaldo Cruz

Webmail

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

Destaques da Biblioteca de História das Ciências e da Saúde

Brasil: uma biografia.

SCHWARCZ, Lilia Mortz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

 

 

 

  

Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling enfrentaram um desafio formidável: escrever uma história geral do Brasil para os dias de hoje. Trata-se de missão difícil: produzir algo distinto do que já existe, a saber, relatos cronológicos, análises com recortes temáticos, ensaios interpretativos. A solução engenhosa que adotaram, a qual adequadamente chamaram de biografia em vez de história, foi juntar as três opções, combinando cronologia, temas e interpretação, tudo escorado em amplo levantamento bibliográfico que dá conta do estado da arte em matéria de história do país. Os temas escolhidos para costurar o relato têm a ver com problemas centrais que marcam a construção de nosso Estado-nação: a formação da cidadania, o impacto da escravidão, a questão indígena, a violência, o patrimonialismo, a natureza mestiça de nossa cultura, o canibalismo cultural. Outro mérito do texto é não cair nas armadilhas de determinismos e teleologias. O presente não é visto como derivação inevitável do passado, nem o futuro como consequência inescapável do presente. As autoras nos apresentam um percurso histórico marcado por ambiguidades, contradições, avanços e recuos, trancos e barrancos, como dizia Darcy Ribeiro. Um percurso que continua aberto, circunscrito por dinâmicas sociais, mas dependendo, sobretudo, de escolhas humanas. Aqui estamos diante de uma biografia não autorizada do Brasil, livre de esquemas rígidos de interpretação, de preocupações de exaltar ou condenar. Trata-se de relato interpretativo. (Au.)

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

Novos domínios da História.

CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Org.). Novos domínios da História. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

 

 

 

 

 

 

 

  

  

 

Novos domínios da história é obra dedicada, antes de tudo, a complementar Domínios da história, publicado em 1997, livro que, para satisfação nossa, firmou-se como obra de referência para os profissionais da área. A razão principal de voltarmos à difícil tarefa de reunir e coordenar numerosos autores em torno de um empreendimento comum foi sabermos que, por mais que contenha numerosos e variados capítulos, Domínios da história, ao ver a luz pela primeira vez, só cobria muito seletivamente o amplo leque de opções de enfoque e pesquisa presentes na Galáxia de Heródoto - expressão sugestiva para designar o mundo dos historiadores. Queremos, então, explorar territórios não penetrados - ou pouco frequentados - naquela ocasião, seja porque estavam em estágio inicial enquanto áreas de pesquisa, seja porque ainda não encontravam receptividade nos projetos dos historiadores brasileiros. Entre esses novos campos, talvez os melhores exemplos sejam os da "nova história militar", "a história do tempo presente" e a própria "micro-história - deveras mencionada nos antigos debates em torno da nova história, porém pouco conhecida e praticamente não aplicada, enquanto metodologia, nas pesquisas realizadas no Brasil durante a década de 1990. [...] A história oral, uma das principais lacunas do livro anterior, resgata seu devido posto neste livro - ela que, queiram ou não, tornou-se metodologia essencial nas pesquisas realizadas no Brasil nos últimos anos, cada vez mais voltadas para temas contemporâneos. (Au.)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

História & teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade

REIS, José Carlos. História & teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

 

 

 

 

 

 

 

É extremamente instigante e desafiador o livro História & teoria, que nos oferece José Carlos Reis, professor da UFMG e um dos melhores autores brasileiros sobre metodologia da história, da safra de historiadores que despontaram na década de 1990. Profundo e fluente na escrita de seus textos, Reis pode afirmar, sem qualquer constrangimento, ao se referir ao presente livro, que seu "texto tem precisamente este objetivo: fazer circular, renovar, estimular e transmitir cultura. Ele deseja ser e promover uma recriação do mundo e seus sentidos". Mas os seis ensaios que compõem o livro, além de promover cultura e estimular o leitor à realização de análises e reflexões críticas, também atualizam e renovam interpretações sobre questões teóricas e metodológicas essenciais ao oficio do historiador no tempo presente. Dessa forma, o autor dedica-se a profunda viagem através de temas como: relação entre pesquisa histórica e teoria; fragmentação em contraposição à totalidade; interdisciplinaridade; antirracionalismo em sua relação crítica com o racionalismo; pôs-modernidade com seus diferentes enfoques e abordagens alternativos aos da modernidade; fim de uma história global e estrutural; natureza e bases do conhecimento histórico; questão da verdade histórica e suas diferentes abordagens e possibilidades; cognição e conceito de tempo histórico. [...] No tempo da pós-modernidade em que vivemos, marcado por ceticismo, perda de identidades e profundo individualismo, neste tempo de desencanto e valores escorregadios e fluidos, a leitura do livro de José Carlos Reis proporciona horas de prazer intelectual fecundo e consistente.  (Lucília de Almeida Neves - Professora titular da história PUC-MG)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

   

As casinhas da Misericórdia de Porto Alegre: memórias.

CENTRO HISTÓRICO-CULTURAL SANTA CASA. As casinhas da Misericórdia de Porto Alegre: memórias. Porto Alegre: Ed. da ISCMPA, 2015.

 

.

 

 

 

 

 

 

  

 

A partir de diferentes ângulos, é possível observar o conjunto de prédios que constituem a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Ali está um lugar de memória dos gaúchos, cuja imaginação a ele atribui aura simbólica. Tem sua materialidade nas diferentes construções de diferentes períodos da nossa história; é funcional quando cristaliza lembranças, é simbólico quando caracterizado por experiências vividas em diferentes grupos sociais. Em outras palavras, apresenta aspectos que sempre coexistem num lugar de memória, conforme Pierre Nora. Na aba desse importante livro não tenho espaço para dizer do significado que tem, para mim, cada uma das edificações, incluindo aquela do Hospital São Francisco, onde nasci, num sábado, às 22 horas, no último verão da Segunda Guerra. Nem mesmo posso discorrer sobre algumas das inúmeras lembranças daquela Instituição, transmitidas em volumosa e consistente bibliografia. Menciono apenas a experiência de uma visita às enfermarias infantis, feita por um grupo de alunas da Escola Normal 1 º de maio, do qual fazia parte. Depositei no berço de um bebê doente meu presente de Natal: um casaquinho de tricô que aquela menina chamada Nara, recém-nascida, com enormes olhos escuros, com sorte, um dia deveria vestir. E ainda hoje espero que o tenha feito, na sequência daquele momento memorável de praticar a Misericórdia, integrar-me no espírito das Santas Casas como a nossa. Muito já foi escrito e bem escrito sobre a nossa antiga Instituição, evidenciando vontade de memória, aquela rara intenção entre nós que aponta à identidade. Rara intenção, porque pouco do nosso patrimônio lembramos e menos ainda preservamos. Mas a Santa Casa transcende esses escritos que são a História. Diante da necessidade de ampliar registros dessa memória que facilmente se perde, são excelentes os artigos que compõem o presente livro, dando conta de estudos arqueológicos e do resultado do emprego da metodologia de História Oral, realizados com absoluta competência. (Prof. Dra. Núncia Santoro de Constantino - In Memoriam)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 


Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo

HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

 

 

 

 

 
   

O tempo inquieta, instiga o temor, causa desassossego. Mas o tempo também desperta o saber, aguça a curiosidade, provoca a experiência. Em Ulisses, viajante e narrador, a consciência dolorosa do tempo o fez verter lágrimas diante dos anfitriões na Feácia; para Santo Agostinho, nas confissões da sua existência perante o juízo soberano, a indagação sobre o tempo assumia os contornos de uma embaraçosa aporia; com Chateaubriand, escritor na fronteira entre o aqui e o lá, entre o antes e o depois da Revolução de 1789, o tempo advém como vertigem, inexpugnável e (quase) indizível. Historiador atento à historicidade própria do seu ofício, François Hartog faz do tempo a matéria para uma reflexão erudita e laboriosa, atravessando distintas fronteiras disciplinares, transitando entre formulações antigas e elaborações modernas, percorrendo espaços variados nos quais diferentes temporalidades encontraram lugar e foram representadas, vivenciadas ou mesmo questionadas. Regimes de historicidade - Presentismo e experiência do tempo é o resultado de mais de três décadas de prática historiográfica, através da qual a experiência contemporânea do tempo é problematizada por meio de um esforço conceitual que oferece pistas importantes não apenas para pensar o tempo, mas também, como sugere a epígrafe proustiana do livro, para torná-lo habitável, para ser/estar dans le Temps. (Fernando Nicolazzi - Professor do Programa de pós-Graduação em História da UFRGS.)

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

  

Alexandre Koyré: história e filosofia das Ciências

CONDÉ, Mauro Lúcio Leitão; SALOMON, Marlon (Org.). Alexandre Koyré: história e filosofia das Ciências. Belo Horizonte, MG: Fino Traço, 2015.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

Este livro é uma homenagem ao pensador franco-russo Alexandre Koyré (1892-1964), um dos mais eminentes historiadores da ciência do século XX cuja obra, em diferentes medidas, delineou essa área de conhecimento e impactou a epistemologia, influenciando importantes autores como Thomas Kuhn. Os historiadores e filósofos da ciência que aqui prestam essa homenagem, mostram-nos um Koyré muito mais multifacetado e dinâmico do que a sua tradicional imagem de ícone do internalismo na história da ciência. Ainda que afirme o caráter essencialmente teórico da ciência - a despeito dos aspectos sociais e tecnológicos envolvidos em sua construção - Koyré nunca deixou de assinalar a "unidade de pensamento" composta pela ciência, a filosofia e a religião.  (Au.)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

Storia del pensiero medico occidentale: 2. Dal Rinascimento all’inizio dell’ottocento.

GRMEK, Mirko D. Storia del pensiero medico occidentale: 2. Dal Rinascimento all’inizio dell’ottocento. Roma: Laterza, 1996.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

Lo scopo principale di quest’ opera è la ricostruzione storica delle lente trasformazioni e dei bruschi mutamenti delle teorie e delle pratiche mediche nelle civiltà cosiddette occidentali, vale a dire nel mondo mediterraneo prima, nei paesi del l'Europa occidentale e settentrionale in seguito, e infine in tutti i continenti, con in testa l' America del Nord. Questa ricostruzione considera come essenziali le relazioni che legano le conoscenze mediche alie mentalità, alla filosofia e alle diverse scienze e tecniche. Invece di collezionare i 'fatti', abbiamo tentato un'impresa al tempo stesso più modesta e più ambiziosa: poco interessati a fornire abbondanti liste di nomi, di date, di titoli e di 'scoperte' che marcano Ia storia dell' arte medica, abbiamo piuttosto voluto isolarne le idee-guida. Per realizzare questa storia intellettuale nei suoi rapporti con la cultura generale, bisognava riunire delle competenze e costituire un'équipe internazionale di specialisti padroni di metodologie specifiche per i singoli problemi e le diverse epoche storiche. Medici e biologi, storici e sociologi, filologi e filosofi hanno collaborato all'interno di un quadro che, almeno così speriamo, assicura unità all'insieme pur salvaguardando la specificità di ognuno degli interventi. (Au.)

 

    

 

 

 

 

 

 

 

Brasil: os frutos da guerra.

LOCHERY, Neill. Brasil: os frutos da guerra. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

Quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu em 1939, o Brasil parecia muito distante do conflito tanto geográfica quanto politicamente. Na época, o país tropical, subdesenvolvido e longínquo era o destino perfeito para viajantes internacionais que desejavam fugir um pouco do clima pesado da guerra. Contudo, a imagem bucólica de praias maravilhosas e povo amistoso escondia uma realidade bem mais complexa, marcada por revoltas internas, atentados e lutas pela manutenção da soberania nacional. Em pleno Estado Novo e movido pelo objetivo de modernizar o país, o presidente Getúlio Vargas via na Segunda Guerra Mundial uma chance de ouro. É o que defende o respeitado pesquisador Neil Lochery. Em Brasil: os frutos da guerra, ele revela como a habilidade política e o oportunismo econômico do governo brasileiro permitiram que o conflito alçasse o país à condição de potência regional. Fatores como as vastas riquezas naturais e a proximidade geográfica com os Estados Unidos despertaram o interesse tanto dos Aliados quanto do Eixo, resultando em um balé diplomático entre embaixadores, ministros e presidentes para assegurar o apoio estratégico do país na guerra. Acordos confidenciais de cooperação, trocas de garantias e manobras para estabelecer bases e assegurar vantagens no continente americano – em um relato de guerra vívido e repleto de intrigas, Lochery narra episódios marcantes de um dos períodos mais importantes da histórica nacional para a formação do Brasil moderno.(Au.)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

Historiografia e nação no Brasil: 1838-1857.

GUIMARÃES, Manoel Luiz Salgado. Historiografia e nação no Brasil: 1838-1857. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011.


 

 

 

 

 

 

 

 

A historiografia brasileira, explica Manoel Luiz Salgado Guimarães no presente livro, "esteve tão entretida em trabalhar os temas da história do Brasil que a reflexão cerca da história da historiografia ainda não recebeu a atenção. Este livro tem como intuito contribuir para promover essa reflexão". Nesse sentido, Historiografia e nação no Brasil está destinado a ser uma referência nos estudos sobre a historiografia brasileira do século XIX. O livro tem a escrita da história como objeto de estudo, apresentando um quadro geral do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e de sua produção historiográfica entre 1838 e 1857. Sua leitura revela o lugar que o pensamento histórico ocupou no Império do Brasil, o contexto de construção do Estado nacional. Trata-se de trabalho precursor, escrito na década de 1980, originalmente em alemão, e que somente agora vem a público no Brasil. (Au.)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

A Campanha Continental para a erradicação do Aedes aegypti da OPAS e a Cooperação Internacional em Saúde nas Américas (1918-1968).

MAGALHÃES, Rodrigo Cesar da Silva. A Campanha Continental para a erradicação do Aedes aegypti da OPAS e a Cooperação Internacional em Saúde nas Américas (1918-1968). 2013. 450 f. Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) - Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz, 2013.

 

 

 

 

 

 

 

  

 

Esta tese de doutorado tem como objeto a Campanha Continental para a Erradicação do Aedes aegypti, lançada pela Organização Sanitária Pan-Americana (OSP), em 1947. As suas origens, contudo, remontam à Campanha Mundial de Erradicação da Febre Amarela, idealizada em 1914 por Wycliffe Rose, o primeiro Diretor da Comissão de Saúde Internacional (CSI) da Fundação Rockefeller (FR), e iniciada  oficialmente em 1918, após o término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A Campanha se desenvolveu entre as décadas de 1910 e 1930, nas Américas e na África, tendo sido marcada por uma série de inflexões até ser reformulada nos anos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e relançada, em 1947, sob os auspícios da OSP, na época dirigida por Fred Soper, um ex-funcionário da Fundação Rockefeller, com uma longa trajetória de atuação na América do Sul, no combate à doenças como a ancilostomíase, a malária e a febre amarela. Desta data até o final dos anos 1960, a meta de erradicar o vetor da febre amarela das Américas foi perseguida, com maior ou menor intensidade, por praticamente todas as Repúblicas americanas. O meu objetivo é analisar as origens, o desenvolvimento histórico, os impactos e as controvérsias suscitadas por este que foi o primeiro e mais duradouro programa internacional de erradicação de uma doença já implementado. A minha hipótese é que a Campanha Mundial de Erradicação da Febre Amarela da FR fortaleceu a cooperação interamericana em saúde, estreitando as relações entre as Repúblicas americanas entre as décadas de 1920 e 1940, processo que resultaria, no pós-Segunda Guerra Mundial, na Campanha Continental para a Erradicação do Aedes aegypt que, como procurarei mostrar, constituiu-se em uma nova fase da campanha da FR, só que em um outro contexto internacional. Assim, através da análise da Campanha, com os seus avanços, retrocessos e inflexões, em diferentes contextos políticos e sanitários, eu pretendo discutir a crescente cooperação internacional em saúde que vai se estabelecendo nas Américas ao longo do seu desenvolvimento. (Au.)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 


Entre a moléstia e a cura: a experiência da malarioterapia pelos psiquiatras do Rio de Janeiro (1924-1956).

ACCORSI, Giulia Engel. Entre a moléstia e a cura: a experiência da malarioterapia pelos psiquiatras do Rio de Janeiro (1924-1956). 2015. 177 f. Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) - Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz, 2015.

 

 

 

 

 
   

Durante a virada do século XIX para o XX a comunidade médica tentava lidar com o crescente número de pacientes acometidos pela sífilis. Os esculápios classificavam a doença em diferentes fases, sendo a última e mais grave a paralisia geral progressiva ou PGP. Quando o doente chegava a este estágio suas faculdades psicomotoras começavam a ser progressivamente prejudicadas, o que resultava, em grande parte dos casos, em óbito. O percentual de cura dos doentes paralíticos gerais era muito pequeno e as técnicas até então disponíveis para o tratamento pouquíssimo promissoras. Ao longo da história, a febre se mostrou benéfica no tratamento de diversas doenças mentais e seu uso para estes fins remonta a Hipócrates (século IV a.C.). A utilização dos acessos febris provocados pela malária no tratamento da paralisia geral progressiva foi proposta, em 1917, pelo médico austríaco Julius Wagner-Jauregg. A técnica, batizada de malarioterapia, consistia na inoculação de sangue contendo um dos agentes etiológicos da malária, o protozoário da espécie Plasmodium vivax em doentes portadores desta forma de sífilis nervosa. Através das trocas científicas internacionais que ocorriam em diversas áreas do conhecimento e, especialmente, no campo da medicina experimental, ao longo da primeira metade do século XX, a técnica passou a ser conhecida, utilizada e estudada em diferentes países do mundo, inclusive no Brasil. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar o processo de incorporação da malarioterapia no quadro terapêutico de instituições hospitalares cariocas ligadas à Assistência a Psicopatas do Distrito Federal e no Serviço de Neurossífilis do Hospital da Fundação Gaffrée e Guinle. (Au.)